Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.Jogo tudo na violência que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu,por falso respeito humano,
não dei. Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Clarice Lispector
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