Vitória por um fio rumo ao tetra
Por Edson Terto da Silva | 10/07/2011 | SociedadeEdson Silva
Não sei se todos sabem (ninguém tem obrigação de saber tudo), há 62 anos, em 1932, parte de bravos paulistas pegou em armas para tentar defender a Constituição Brasileira, então violada pela Ditadura Vargas. Acabamos sós no levante e tivemos de sustentar luta armada contra outros brasileiros, como foi o caso de confrontos contra os mineiros. Nós, paulistas, perdemos a revolução, mas ganhamos em orgulho, o levante gerou o feriado estadual comemorado em 9 de julho, desde 1997.
Mas, falando em Copas do Mundo, nosso foco na coluna. Num outro 9 de julho, há 17 anos, em 1994, nos Estados Unidos da América do Norte, outra legião, esta unida, formada por paulistas, mineiros, cariocas e outras naturalidades brasileiras, travava árdua luta contra os holandeses, que nunca deram vida fácil ao Brasil nas Copas, haja vista derrotas que sofremos em 74 ( 2x0) e a ainda dolorida desclassificação na Copa passada, de 2010, com os 2x1 e direito à lambança do Felipe Melo.
Bom, em 94, a história foi diferente, mas não foi fácil. Era o 71º jogo da Seleção Brasileira em Copas e 65.000 pagantes estavam no Cotton Bowl (Dallas/EUA). O árbitro croata Rodrigo Badilla não teve vida fácil, amarelou os holandeses Winter e Wouters e também Dunga, lembram dele como técnico em 2010? Em 94 era nosso volante e capitão. Prá dizer a verdade, no segundo tempo o jogo até pareceu que seria fácil. Aos 8 minutos, o baixinho Romário, nosso melhor jogador no mundial de 94, fez 1x0; aos 18, outro destaque nosso, o Bebeto, fez 2x0.
Jogo ganho e só pensar na semifinal? Que nada! Bergkamp descontou para a Holanda um minuto após o segundo gol brasileiro. Dez minutos depois, Winter empatou e um moinho de ventos gelados veio sobre nossas cabeças baixas. O jogo ficou indefinido. Tanto uma equipe como a outra podia fazer o gol da vitória ou então persistir empate para a terrível prorrogação ou para a loteria dos pênaltis. Tínhamos o lateral esquerdo Branco voltando de contusão, aparentemente cansado, e naquele instante longe de ser unanimidade da "Torcida Organizada dos Corneteiros".
O que ninguém podia negar é que Branco tinha chute forte de esquerda e o destino nos deu uma falta na intermediária, distante pra quem chuta colocado. Faltavam nove minutos para acabar o segundo tempo, Branco partiu para a bola e disparou um torpedo, que entrou no cantinho do gol defendido por De Goej. Um detalhe que só veríamos no replay, enquanto o Galvão ainda se esgoelava gritando "goooooooooooool", é que por um fio, ou melhor, por uma recolhida de bumbum do esperto baixinho Romário, a bola não acertou nosso atacante, o que a desviaria para a trave ou para fora da meta holandesa. Foi gol e bonito de se ver. Branco ainda seria substituído por Cafu, mas aos 90 minutos. O Brasil se classificou para enfrentar a Suécia, venceu por 1x0, gol de Romário, disputou o título contra Itália, ficou no 0x0 e foi tetracampeão, nos pênaltis.
Edson Silva é jornalista em Sumaré /edsonsilvajornalista@yahoo.com.br