"O Déficit de Aprendizado e o Currículo Escolar de Língua Portuguesa de 5ª série do Ensino Fundamental da escola pública"
Por Léa Mattar Leister | 11/10/2010 | EducaçãoPor Léa Mattar Leister
Depois de criteriosa observação com relação às dificuldades de aprendizado que atualmente os alunos apresentam, seja em que série for, pode-se perceber que, se a quantidade dos conteúdos de língua portuguesa preestabelecidos de 5ª série (ou 6º ano) do ensino fundamental for reduzida, buscando-se o "fator qualidade e não quantidade", com certeza, o professor terá muito mais tempo para trabalhar o que realmente tem "significado" para o bom desempenho escolar do aluno.
Já é fato conhecido que, atualmente, não adianta mais o professor enviar tarefas para casa, pois os pais, não têm mais tempo de ajudar ou orientar caso os filhos encontrem alguma dificuldade na realização das mesmas. Por isso, o professor necessita de tempo suficiente para aplicar os conteúdos e reforçar esse aprendizado somente em sala de aula, através de exercícios de fixação, pois dessa forma, o aluno terá a possibilidade de entender, absorver e dominar o conteúdo trabalhado, sendo este último, o mais importante, pois permitirá que ele avance com segurança a novas investiduras.
O momento educacional deste país necessita de uma reflexão sobre a responsabilidade da escola na formação do cidadão. Logo, é necessária uma análise dos conteúdos de língua portuguesa aplicados aos alunos de 5ª série (ou 6º ano) e suas relevâncias na contribuição da formação do cidadão, sempre atentos na presente grade curricular de conteúdos preestabelecidos pelo MEC, cientes de que é de fundamental importância desenvolver o bom senso na aplicação dos mesmos.
Sabe-se que a linha filosófica do ensino atual baseia-se no Construtivismo, ou seja, nada está pronto, acabado, e que, o conhecimento não é dado em nenhuma instância como algo terminado. "Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social." 1
Apoiando-se no rico questionamento "Qual a função social da escola pública?"2 , é preciso aproximar ao máximo o currículo escolar de língua portuguesa de 5ª série (ou 6º ano) do ensino fundamental a essa visão que a escola absorveu ao longo dos anos, lutando contra a imposição de uma grade curricular preestabelecida em tempos longínquos onde as famílias que compunham as sociedades do passado são completamente diferentes das atuais.
É importante que fique bem entendido, o país necessita promover debates em nível nacional entre professores e pedagogos sobre os conteúdos de língua portuguesa que são relevantes à 5ª série (ou 6º ano) e a possibilidade de se estender a outras séries, conteúdos que possam esperar um amadurecimento maior desses alunos para que o trabalho dos professores não seja em vão.
O tempo é curto, os conteúdos são muitos, as turmas de alunos são numerosas, as dificuldades de aprendizados tornam-se cada vez maiores e o que resta em sala de aula é muito estresse. O professor sabe que conteúdos vazios de nada valerão, pois não há construção que se firme, que se estabeleça se não houver uma base bem estruturada e sólida.
É imprescindível que debates, fóruns, simpósios, oficinas sejam organizadas para que professores discutam e se capacitem no que realmente tem valor à formação do cidadão.
Em virtude da atual conjuntura social a escola pública passou a ter uma obrigação moral para com a sociedade que aí se encontra, o que foi plantado há muito tempo já está por demais enraizados. Durante décadas a escola foi aos poucos assumindo responsabilidades que em tempos idos pertenciam aos pais e às famílias como um todo e, não se pode mais voltar atrás.
Algumas coisas simples e básicas as autoridades terão que entender e providenciar com urgência como, por exemplo: professor regente e professor auxiliar para turmas com no máximo trinta alunos para o Ensino Básico e, isso é fundamental para o sucesso e a prosperidade da sociedade.
Caso atitudes simples como essas não sejam tomadas com urgência urgentíssima, daqui uns vinte a sociedade será formada por analfabetos funcionais. A não ser que seja realmente essa a intenção dos comandantes dessa nação, pois quanto mais alienados forem os cidadãos de um país, menos reivindicações serão feitas, e o discurso de campanha eleitoral "No meu governo, a educação será prioridade" seja só balela eleitoral.
1 BECKER, Fernando. O que é construtivismo? Revista de Educação AEC, Brasília, v. 21, n.83, p. 7-15, abr./jun 1992.
2 CADERNO 1 do MEC (Portal MEC ? Sitio SEB)